Cultivo do café: como a altitude influencia no sabor

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Quando falamos de café de qualidade, é comum ouvirmos termos como “acidez brilhante”, “notas frutadas” ou “aroma floral”. Mas o que poucos percebem é que grande parte dessas características vem diretamente da altitude onde o café foi cultivado. Sim, a altura do terreno onde a planta cresce tem uma influência enorme no sabor final da bebida.

Por que a altitude importa tanto no cultivo do café?

A altitude influencia diretamente o clima da região. Em áreas mais altas, as temperaturas são naturalmente mais baixas, o que faz com que o fruto amadureça mais devagar. Com um amadurecimento mais lento, o grão de café tem mais tempo para desenvolver açúcares e compostos que vão resultar em sabores mais complexos e aromas mais intensos.Quando o grão amadurece devagar, ele concentra mais sabor. Isso é diferente do que acontece em regiões mais quentes e de baixa altitude, onde o café cresce e amadurece mais rápido. Nessas condições, o sabor tende a ser mais simples, com menos acidez e menor variedade de aromas.A altitude também interfere diretamente na densidade do grão. Cafés cultivados em maiores altitudes geralmente são mais densos, e grãos densos costumam ter uma qualidade superior. Eles suportam melhor o calor da torra e, por isso, revelam mais nuances na xícara.

O que muda no sabor do café de acordo com a altitude?

Em altitudes mais altas, acima de 1.200 metros, por exemplo, o café costuma ter uma acidez mais marcante, mas não confunda com sabor azedo. Essa acidez é aquela sensação gostosa que lembra frutas cítricas, frutas vermelhas, às vezes até vinho ou flores. Além disso, cafés de altitude mais elevada costumam ter uma doçura natural muito presente, que não precisa de açúcar para agradar o paladar.Já em altitudes intermediárias, entre 800 e 1.200 metros, o café costuma apresentar um bom equilíbrio entre doçura e acidez, com notas mais suaves e corpo médio. Pode-se encontrar ali sabores que lembram chocolate, nozes e frutas secas.Nos cafés cultivados em altitudes mais baixas, abaixo de 800 metros, o perfil sensorial tende a ser mais simples. O sabor é mais direto, com pouca acidez, mas com bom corpo e doçura mais pronunciada. Nesses casos, predominam as notas achocolatadas e de caramelo, o que também pode agradar quem busca uma bebida mais encorpada e menos ácida.Essas diferenças não são regras, já que outros fatores também entram na conta, como o tipo de solo, variedade do café, forma de processamento e até a torra. Mas a altitude, sem dúvida, é um dos fatores mais determinantes na formação do sabor do café.

E por que o café de alta altitude é tão valorizado?

Cafés cultivados em maiores altitudes costumam apresentar um perfil sensorial mais sofisticado, com várias camadas de sabor e aroma. É aquele tipo de café que, ao tomar um gole, você consegue identificar notas de frutas, flores, mel, chocolate amargo, entre outros.Além disso, o cultivo em regiões altas exige mais cuidado. As condições de acesso costumam ser mais difíceis e os riscos com clima extremo são maiores. Tudo isso eleva o custo de produção, mas também reforça a qualidade e a exclusividade do produto.Por isso, cafés de alta altitude costumam receber pontuações mais altas em concursos e são mais valorizados no mercado de cafés especiais.

O conceito de terroir no café

Assim como acontece com o vinho, o café também é influenciado por um conjunto de fatores locais, conhecido como terroir. Esse termo se refere às características geográficas, climáticas e humanas que definem o perfil sensorial de um produto agrícola.No caso do café, o terroir envolve a altitude, o tipo de solo, o clima da região, a variedade da planta e até os métodos de colheita e processamento. Quando o produtor conhece bem seu terroir e trabalha com cuidado em cada etapa, o resultado aparece na xícara.Dois cafés da mesma variedade plantados em regiões diferentes, com altitudes distintas, podem apresentar sabores completamente diferentes.

Regiões produtoras de café de altitude

Diversas regiões do Brasil e do mundo se destacam por produzir cafés em altitudes elevadas. No Brasil, por exemplo, temos áreas como a Mantiqueira de Minas e o Sul de Minas Gerais, que ficam entre 1.000 e 1.300 metros de altitude. Os cafés dessas regiões são conhecidos pelo equilíbrio entre doçura, acidez e aroma.Na Colômbia, a Cordilheira dos Andes oferece altitudes ideais para cafés com notas cítricas e florais. Já na Etiópia, berço do café arábica, regiões como Sidamo e Yirgacheffe chegam a altitudes de 2.000 metros, resultando em cafés extremamente aromáticos e complexos.Se você ainda não tinha parado para pensar nisso, agora já sabe, a altitude é um dos fatores mais importantes para definir o sabor do café. Ela influencia o tempo de maturação do grão, a formação de açúcares, a acidez, a doçura, os aromas e até a densidade do grão. E tudo isso impacta diretamente a qualidade da bebida que chega à sua xícara.Acreditamos que entender de onde vem o grão, como ele foi cultivado e como foi tratado, é essencial para oferecer uma bebida superior. Se você valoriza qualidade e sabor, saiba que a altitude, sim, faz toda a diferença.